quinta-feira, novembro 23, 2006

Reticências




A mariposa pensava na efemeridade da vida,
aproximou-se a morte e a levou, distraída...
Enquanto há botões de rosa por colher, colha
que a rosa de hoje estará morta amanhã sem escolha...

Um velho me disse em seu leito de morte
que à mesma porta não bate duas vezes a sorte.
Aproveita teu tempo, que a derradeira desgraça
é infalível e certa, imprevisível e crassa.

O homem faz o tempo e o óleo das horas
escorre dos passados indeléveis perdidos agoras...
"Se sou eterno, e vós tanto não duras, pelo contraste,
abandonai toda a esperança, vós que entraste.

Entrego a ti meu tempo,
Cronos sabe que não o temo.

Entrego a ti minhas horas e dias,
afinal de que servem essas horas vazias?

Me entrego a ti...

"Felix: but the lunatic is in my heart
the lunatic is in my home
the lunatic is in my head..."

"Tantas reticências... denotam continuidade ao infinito. Inúteis reticências...
Essa eu fiz ao som de A Change of Seasons, do Dream Theater, e a parte VI chama-se Carpe Diem. Há três citações nessa poesia: a parte da mariposa é paráfrase de algo que Isabel escreveu no Lado Escuro da Lua; a parte dos botões de rosa é paráfrase de A Sociedade dos Poetas Mortos; e finalmente a parte entre aspas é paráfrase de Dante e sua Divina Comédia. E mesmo assim ficou uma droga... Tinha tudo para ficar bom, mas é difícil escrever algo às quatro da manhã."

Nenhum comentário: