Ciranda
I - A chuva
A chuva desprende suas gotas pesadas
e ensina
que é pouco o tempo para o erro
e nenhum para o arrependimento.
A chuva não erra, apenas cai.
Faz o que é de sua natureza.
E nós temos tanto de humanos
e tão pouco de chuva.
Caímos tão depressa
e nos levantamos tão tardiamente.
A chuva está acima do mundo
e das coisas mundanas: é divina.
Nós tão fugazes, como chuva,
mas tão mundanos e concretos.
Na verdade sei que
o que entedemos da chuva
são apenas as lágrimas.
II - O mundo
O mundo gira. Sempre.
Mas quando eu estava imerso
na profundidade de teus beijos
o mundo parava.
Mas agora o mundo quer girar
e girar e girar e girar.
E eu sempre atordoado...
Alguns acreditam com espantosa firmeza
que o mundo gira ao redor deles
e existe só para si.
Mas o mundo faz o que sabe: girar,
e nós não sabemos o que fazemos.
Por isso destruimos o mundo,
por inveja e confusão.
III - O tempo
Quando envelhecer
eu quero a minha infância de volta.
E também quero esses momentos novamente.
Quando a morte se aproximar severa
eu lembrarei apenas de fragmentos.
Mas eles não voltam.
Nada volta. Tudo muda.
O que fica é a lembrança
divina e mortal, bálsamo e veneno:
sempre nos assombra
o que jamais seremos outra vez.
Mas ainda temos como a um sonho
o passado, esse amigo traiçoeiro.
O tempo apenas passa, calmo.
Mas o homem não quer ver o tempo passar:
por isso apenas mata o tempo.
IV - A vida
E o passado talvez não seja o suficiente,
mas é o caminho que a vida desenhou.
Saberei um dia se é exato ou abissal
mas será tão tarde então;
terei a memória fugidia.
Mas tu és como a chuva,
cumprindo o teu propósito:
alegrar a muitos e entristecer a poucos
que não sabem o significado da chuva.
És também como o mundo
a rodar a graciosa ciranda,
sorriso de criança.
Assemelha-te ao tempo:
passas e deixa tuas marcas,
ainda que ele envelheça os que marca,
você os rejuvenesce, porque é o teu dom.
Só teu e de mais ninguém.
Quando o tempo tiver cobrado de mim
a corvéia dos servos da vida e da morte, os humanos;
terei os dedos já sem força,
mas nos lábios trêmulos e murchos como uva morta
ainda caberá o gosto vivo
como se o tempo não o tivesse diluído,
o gosto doce e indelével
do beijo último teu.
Não é minha melhor poesia, mas é a mais sincera. Sei que você prefere a sinceridade que a estética. "É morena, 'tá tudo bem, sereno é quem tem a paz de estar em paz com Deus... Promessa cumprida".
I - A chuva
A chuva desprende suas gotas pesadas
e ensina
que é pouco o tempo para o erro
e nenhum para o arrependimento.
A chuva não erra, apenas cai.
Faz o que é de sua natureza.
E nós temos tanto de humanos
e tão pouco de chuva.
Caímos tão depressa
e nos levantamos tão tardiamente.
A chuva está acima do mundo
e das coisas mundanas: é divina.
Nós tão fugazes, como chuva,
mas tão mundanos e concretos.
Na verdade sei que
o que entedemos da chuva
são apenas as lágrimas.
II - O mundo
O mundo gira. Sempre.
Mas quando eu estava imerso
na profundidade de teus beijos
o mundo parava.
Mas agora o mundo quer girar
e girar e girar e girar.
E eu sempre atordoado...
Alguns acreditam com espantosa firmeza
que o mundo gira ao redor deles
e existe só para si.
Mas o mundo faz o que sabe: girar,
e nós não sabemos o que fazemos.
Por isso destruimos o mundo,
por inveja e confusão.
III - O tempo
Quando envelhecer
eu quero a minha infância de volta.
E também quero esses momentos novamente.
Quando a morte se aproximar severa
eu lembrarei apenas de fragmentos.
Mas eles não voltam.
Nada volta. Tudo muda.
O que fica é a lembrança
divina e mortal, bálsamo e veneno:
sempre nos assombra
o que jamais seremos outra vez.
Mas ainda temos como a um sonho
o passado, esse amigo traiçoeiro.
O tempo apenas passa, calmo.
Mas o homem não quer ver o tempo passar:
por isso apenas mata o tempo.
IV - A vida
E o passado talvez não seja o suficiente,
mas é o caminho que a vida desenhou.
Saberei um dia se é exato ou abissal
mas será tão tarde então;
terei a memória fugidia.
Mas tu és como a chuva,
cumprindo o teu propósito:
alegrar a muitos e entristecer a poucos
que não sabem o significado da chuva.
És também como o mundo
a rodar a graciosa ciranda,
sorriso de criança.
Assemelha-te ao tempo:
passas e deixa tuas marcas,
ainda que ele envelheça os que marca,
você os rejuvenesce, porque é o teu dom.
Só teu e de mais ninguém.
Quando o tempo tiver cobrado de mim
a corvéia dos servos da vida e da morte, os humanos;
terei os dedos já sem força,
mas nos lábios trêmulos e murchos como uva morta
ainda caberá o gosto vivo
como se o tempo não o tivesse diluído,
o gosto doce e indelével
do beijo último teu.
Não é minha melhor poesia, mas é a mais sincera. Sei que você prefere a sinceridade que a estética. "É morena, 'tá tudo bem, sereno é quem tem a paz de estar em paz com Deus... Promessa cumprida".