segunda-feira, março 05, 2007

Pierrot

O que te sobra, Pierrot,
quando acaba o baile e a banda cessa,
quando amanhece e a aurora se apressa
para onde vais embriagado?
O que te resta, Pierrot,
na hora em que a luz intensa faz nítida
as maquiagens desbotadas e o suor,
e o pior:
as fantasias que não sobrevivem à luz
da realidade verdadeira,
ao fim,
da marchinha derradeira.
O que te resta?
A bebida que é finda?
Numa garrafa inseparável, consolo triste
de um coração tão solene,
mas que não durará eternamente;
porque a dor é eterna
e a fantasia perene.
As lantejoulas partidas,
as serpentinas desfeitas, descoloridas.
O salão vazio, as ruas vazias.
Acaba o Carnaval, tudo passa,
só não passa, Pierrot,
o teu sofrer.