terça-feira, novembro 28, 2006

Ambíguo

Na minha mão esquerda trago lágrimas,
trago sangue.
Futuros desfeitos e ilusões perdidas,
dentes partidos de ranger,
pétalas despedaçadas.
Maldições.
Trago na mão esquerda
a velha e amiga tristeza;
os olhos cansados...
As longas noites de esperanças dispersas,
os longos dias de desengano maltrapilho.
Desconstrução e dor em espelhos alquebrados.

Na minha mão direita trago um sorriso,
trago vida.
Esperança retumbante e até alguns sonhos,
um jardim por cultivar,
alegrias teimosas.
Ilusões.
Trago na mão direita
a inocência dos infantes;
olhos bem abertos...
As longas tardes nas sombras dos arvoredos,
os longos dias de sonhos dispersos.
Um lar e um lugar nas lamedas da memória.

Que me perdoe o velho e amigo sorriso,
mas hoje cerro a mão direita, hoje liberto,
nem que seja por todos os instantes,
o que trago na mão esquerda.

Um comentário:

Anônimo disse...

lá lá lá lá lá!!!!
Vi esse poema em primeirissima mão!!!!