quinta-feira, maio 20, 2010

Nossa poesia de todo dia

A poesia não morreu.
Ela cansou de ser conjugada,
escravizada em estrofes e redondilhas.
Quis mudar de ares, mudar de rimas.
A poesia entediou-se
nos meus lábios e no meu peito.

Não mais como dantes, quando,
aos meus caprichos atendia,
e vinha ao meu bel-prazer
sentar-se ao banquete das palavras.
Agora vem com quer, a poesia,
fugidia, mulher faceira.

Levou consigo o vocabulário,
e qual menino, eu balbucio,
as palavras que ficaram,
as que não pôde levar.
Entre todas as que sobraram,
a mais bonita é o teu nome.

A poesia mudou de casa:
foi morar nos
teus olhos azuis.

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