terça-feira, outubro 30, 2007

Um rio

A mão de Deus é invisível e caprichosa
e ao homem só cabe a lástima
de ter por tempo uma vida apenas:
nada mais, e nada menos.

De tudo que existe, nada é do homem,
triste e perene nas tumbas de asfalto.
Sua é a ilusão e a impotência
como o deserto sem vida e hostil.

Resume-se a querer e não poder
esse infindável tormento sentido.
E por que te quero e porque te perco
sou como dois lados de um rio sem ponte.

Quase num repente soube que te queria.
Perfurmar teus braços como almíscar doce.
Meu peito e tua tez como o rio e o leito do rio
juntos até que o último luzir se torne trevas.

Estou triste: eu sou toda a tristeza.
O que é o grande infinito,
além de uma infinitude de nadas?

Eu tive um sonho desvairado.
Sonhei que havia sonhado a vida toda
e só acordara quando fitei os olhos teus.

Eu quero adormecer de mim pra sempre
e acordar em ti a cada manhã:
ser o Sol que ilumina teu acordar.

Eu sou como dois lados de um rio sem pontes.
Dois lados de uma moeda: tão perto e tão longe.
Eu sou como um monte numa terra sem montes.
Dois lados de um rio sem ponte.

Um comentário:

Anônimo disse...

Saudades!
Como estás?
Beijos imensos.