domingo, julho 17, 2011
Sobre As Sete Vezes Que Te Amei
Da primeira vez te amei pelo perfume.
Te amei pela beleza, te amei menina.
Mas sabia que seria de outro,
E segui cabisbaixo nossa sina.
Da segunda vez que te amei,
Você estava abandonada numa praça deserta.
Te amei pela fragilidade, te amei criança,
E segui cabisbaixo a estrada incerta.
Na terceira vez, eu soube sutilmente
Que a sua voz era pra mim suave melodia.
Te amei amiga, e te quis sem saber
Que nos deixaríamos naquele dia.
Da quarta vez que te amei, me perdi.
Te amei pela coragem e pelo desejo.
Te amei mulher, te amei demais.
Loucamente, amamos de ensejo.
Sobre a quinta vez, faltam palavras.
Te amei sem pressa, longamente.
Amei sôfrego cada palavra nossa.
Amei sincero e amei confidente.
Sobre a sexta vez, sei que te amei deusa.
Te amei pela presença, deslumbrado.
Houve uma dança, e houve uma noite.
E eu te amei enamorado.
Agora estou te amando pela sétima vez.
Sem rumo, sei que agora te amo rainha.
Desse amor só sei que é pra sempre.
De todas as formas, sei que te amo minha.
terça-feira, março 01, 2011
Auset
Sem você sou pouco e me perco
Entre dias indistintos.
Depois de sua pele e boca, tudo é insosso.
Falseio opardo sorriso a cada aurora,
Tateando a distância com a alma.
Sem você sou todo anseio,
Sou todo desejo, todo desvelo.
Mendigo de seu toque, mal me sustento.
Pedinte de tua carícia, desamparado,
Esmolo ao tempo; que seja gentil algoz.
Sem você sou todo lembrança.
Ou talvez eu nem seja mais algo coeso,
As lembranças é que me vivem.
Estou preso em exasperação.
Sou um fantasma ardente e sôfrego.
Aquela que desejo é tão bela
Que toda a beleza reside nela,
E o resto é grotesco.
Aquela que desejo é tão nobre
Que fí-la princesa no meu reino de sonhos.
Aquela que desejo é tão necessária,
Que longe dela não sou nem meio,
Não sou nem pálida sombra.
Aquela que desejo é tão sincera
Que suas palavras calariam o próprio silêncio.
De tudo que tenho,
Só a noite me conforta:
Porque é negra como teu cabelo,
Porque é infinita como seus olhos.
Entre dias indistintos.
Depois de sua pele e boca, tudo é insosso.
Falseio opardo sorriso a cada aurora,
Tateando a distância com a alma.
Sem você sou todo anseio,
Sou todo desejo, todo desvelo.
Mendigo de seu toque, mal me sustento.
Pedinte de tua carícia, desamparado,
Esmolo ao tempo; que seja gentil algoz.
Sem você sou todo lembrança.
Ou talvez eu nem seja mais algo coeso,
As lembranças é que me vivem.
Estou preso em exasperação.
Sou um fantasma ardente e sôfrego.
Aquela que desejo é tão bela
Que toda a beleza reside nela,
E o resto é grotesco.
Aquela que desejo é tão nobre
Que fí-la princesa no meu reino de sonhos.
Aquela que desejo é tão necessária,
Que longe dela não sou nem meio,
Não sou nem pálida sombra.
Aquela que desejo é tão sincera
Que suas palavras calariam o próprio silêncio.
De tudo que tenho,
Só a noite me conforta:
Porque é negra como teu cabelo,
Porque é infinita como seus olhos.
Ela e eu
Gosto de ver
o caos que fica
depois que teu furacão passa.
Os lençóis agredidos
de unhas e dentes ferinos,
as paredes testemunhas
de corações insensatos.
Esse caos retumbante,
essa plenitude,
essa malícia embriagante,
todo esse ardor,
essa chama que carregamos,
é tão mútua e tão forte.
Quero mergulhar no teu poço,
saciar minha sede,
rasgar tua seda,
desnudar-te o peito,
deitá-la em fogo,
ardê-la em brasa.
Te quero agora, e depois.
E sempre, e mesmo que a tenha,
jamais me saciarei de ti.
Te quero toda, insana,
menina, cigana,
amante,
bacante,
vassala,
devassa,
rainha,
só minha.
o caos que fica
depois que teu furacão passa.
Os lençóis agredidos
de unhas e dentes ferinos,
as paredes testemunhas
de corações insensatos.
Esse caos retumbante,
essa plenitude,
essa malícia embriagante,
todo esse ardor,
essa chama que carregamos,
é tão mútua e tão forte.
Quero mergulhar no teu poço,
saciar minha sede,
rasgar tua seda,
desnudar-te o peito,
deitá-la em fogo,
ardê-la em brasa.
Te quero agora, e depois.
E sempre, e mesmo que a tenha,
jamais me saciarei de ti.
Te quero toda, insana,
menina, cigana,
amante,
bacante,
vassala,
devassa,
rainha,
só minha.
quinta-feira, maio 20, 2010
Nossa poesia de todo dia
A poesia não morreu.
Ela cansou de ser conjugada,
escravizada em estrofes e redondilhas.
Quis mudar de ares, mudar de rimas.
A poesia entediou-se
nos meus lábios e no meu peito.
Não mais como dantes, quando,
aos meus caprichos atendia,
e vinha ao meu bel-prazer
sentar-se ao banquete das palavras.
Agora vem com quer, a poesia,
fugidia, mulher faceira.
Levou consigo o vocabulário,
e qual menino, eu balbucio,
as palavras que ficaram,
as que não pôde levar.
Entre todas as que sobraram,
a mais bonita é o teu nome.
A poesia mudou de casa:
foi morar nos teus olhos azuis.
Ela cansou de ser conjugada,
escravizada em estrofes e redondilhas.
Quis mudar de ares, mudar de rimas.
A poesia entediou-se
nos meus lábios e no meu peito.
Não mais como dantes, quando,
aos meus caprichos atendia,
e vinha ao meu bel-prazer
sentar-se ao banquete das palavras.
Agora vem com quer, a poesia,
fugidia, mulher faceira.
Levou consigo o vocabulário,
e qual menino, eu balbucio,
as palavras que ficaram,
as que não pôde levar.
Entre todas as que sobraram,
a mais bonita é o teu nome.
A poesia mudou de casa:
foi morar nos teus olhos azuis.
domingo, janeiro 03, 2010
Mulher
Todo o pecado está na mulher:
toda a maldade desmedida
está naquela que se deita com muitos ,
se compraz com poucos
e se entrega a nenhum.
Toda mulher é um oferecimento:
toda a luxúria incontida
está naquela que é grito e murmúrio,
gemido e choro,
criança e devassa.
Toda a bondade está na mulher:
todo o prazer edênico
está naquela que se aflige com muitos,
sofre por muitos
e chora por muitos.
Toda mulher é uma consolação:
todo o afeto possível
está naquela que é lágrima e riso,
prece e blasfêmia,
anjo e valquíria.
A mulher não se pretende amante,
não se limita a ser mãe.
A sua graça, encanto,
armadilha e veneno,
seu enredamento: tudo existe
só porque a mulher se sabe mulher.
sexta-feira, janeiro 01, 2010
Solidão
A solidão é uma casa grande, desabitada e estéril. Sem portas ou janelas. De dentro, não se vê saída, e os de fora não querem entrar.
A solidão é uma casa pequena, opressora e estreita. Presa ao passado, à própria poeira. Seu ser é cada fissura nas paredes; é todo inseto e ácaro que a infestam.
Sua fachada é cada bicho que a circunda, ou a habita.
E, no meio dos bichos, eu, mais bicho, mais poeira, passado, solidão.
A Volta
Eu voltei da morte, da loucura
Trezentos dias de sombras
E tantas noites de desassossego
Eu voltei do mármore,
do cadafalso, da guilhotina.
Sem cantos, cumprimentos ou festas,
voltei sutil, como na ida.
Olhos cansados, ombros curvados,
carcomido até os ossos de tristeza;
pior que a morte só a derrota.
Eu voltei sozinho, navegando.
Um mar de dores o meu caminho
despindo dia e noite trapos de ilusão.
Do pó eu vim e do pó voltei
para ver teus olhos e alisar teu cabelo.
sexta-feira, novembro 28, 2008
Lira
Minha voz ecoa
onde pássaro algum voa
num recôndito profundo
o silêncio povoa.
Meu canto-silêncio diz
o que minha voz embarga
e renova tanto tanto
um encanto, e no entanto,
não há paz nesse cantar
por querer um artifício
é que canto tão somente
pra buscar um armistício
nessa guerra, que megera
leva sempre minha paz
e por querer alguém capaz
de me querer e a nada mais
é que canto descontente
e a despeito de cantar
não encontro um só eco
que alivie este penar
e tão triste seguindo
sob o manto negro
da noite cálida
até que me calo
onde pássaro algum voa
num recôndito profundo
o silêncio povoa.
Meu canto-silêncio diz
o que minha voz embarga
e renova tanto tanto
um encanto, e no entanto,
não há paz nesse cantar
por querer um artifício
é que canto tão somente
pra buscar um armistício
nessa guerra, que megera
leva sempre minha paz
e por querer alguém capaz
de me querer e a nada mais
é que canto descontente
e a despeito de cantar
não encontro um só eco
que alivie este penar
e tão triste seguindo
sob o manto negro
da noite cálida
até que me calo
terça-feira, outubro 14, 2008
Eu II (Poema Sibilado)
Contemplo meu corpo nu:
não sou forte,
não sou fraco.
Não sou gordo,
tampouco magro.
Nem belo, nem feio.
No espelho,
o que vejo
é ordinário,
é vulgar.
Em cada esquina
um outro ser
que poderia ser eu.
Eu sei tanto
de toda vã teoria.
Só não sei o servir
de todo esse saber.
Se sou só um simples
sujeito comum,
sujeito às vicissitudes
como todo o resto.
Eu canto e toco
um tanto desafinado.
Também desenho,
nada rebuscado.
E rabisco
poesias.
Junto palavras soltas,
o que é fácil:
para ser poeta,
não precisa de rima,
nem de palavra certa,
nem de obra-prima.
Pra fazer poesia
contemplo o vento,
vomito melancolia,
pranto e lamento.
Também sou fingido:
falseio felicidade.
Um sorriso polido
gotas de falsidade.
não sou forte,
não sou fraco.
Não sou gordo,
tampouco magro.
Nem belo, nem feio.
No espelho,
o que vejo
é ordinário,
é vulgar.
Em cada esquina
um outro ser
que poderia ser eu.
Eu sei tanto
de toda vã teoria.
Só não sei o servir
de todo esse saber.
Se sou só um simples
sujeito comum,
sujeito às vicissitudes
como todo o resto.
Eu canto e toco
um tanto desafinado.
Também desenho,
nada rebuscado.
E rabisco
poesias.
Junto palavras soltas,
o que é fácil:
para ser poeta,
não precisa de rima,
nem de palavra certa,
nem de obra-prima.
Pra fazer poesia
contemplo o vento,
vomito melancolia,
pranto e lamento.
Também sou fingido:
falseio felicidade.
Um sorriso polido
gotas de falsidade.
Timidez
Eu sou o fogo
que não sabe arder
a água insalobra
a promessa de chuva
o botão da flor
no Inverno.
Meu amor
é o amor
das cartas de amor
esquecidas na gaveta.
É a foto
não revelada.
A promessa não cumprida.
O que eu quero
é segredo
é um olhar de cobiça
misto de medo e preguiça:
é inércia.
Roubar teus beijos,
tomar teu fôlego.
Imaginar é sofrer
a dor de quem não sabe
se vai ou se fica.
Por isso escrevo,
inútil dizer escrito
do que deve ser dito,
bradado:
te desejo,
e mais nada.
Tímido adj 1. Que tem temor. 2. Que tem dificuldade de relacionar-se com outrem; acanhado, bisonho, retraído. 3. Próprio de tímido. 4. Fraco, frouxo.
que não sabe arder
a água insalobra
a promessa de chuva
o botão da flor
no Inverno.
Meu amor
é o amor
das cartas de amor
esquecidas na gaveta.
É a foto
não revelada.
A promessa não cumprida.
O que eu quero
é segredo
é um olhar de cobiça
misto de medo e preguiça:
é inércia.
Roubar teus beijos,
tomar teu fôlego.
Imaginar é sofrer
a dor de quem não sabe
se vai ou se fica.
Por isso escrevo,
inútil dizer escrito
do que deve ser dito,
bradado:
te desejo,
e mais nada.
Tímido adj 1. Que tem temor. 2. Que tem dificuldade de relacionar-se com outrem; acanhado, bisonho, retraído. 3. Próprio de tímido. 4. Fraco, frouxo.
Mnemosène
*Para minha amiga Michelle
A vida passa.
O mundo gira.
Tudo muda.
Pouco fica.
Da história que tivemos
tudo escrito
a ferro e fogo
na breve memória.
Mas o tempo
algoz faminto
e o esquecimento.
Tanto que já pressinto
o rio dos anos escoando:
como ampulheta,
areia fina entre meus dedos.
Ainda assim não foi levado
o que me restou de ti:
teu sorriso indelével.
Tua voz ecoa
ainda quando escoa
o lago das eras.
Caminhos bifurcados,
e o tanto que se perdeu.
Naquelas manhãs frescas
de minha juventude:
todo o companheirismo,
meu jeito estranho,
meu amor platônico!!!
As rosas dos teus
dezessete anos; cartões.
Rosas essas que foram botões
desabrochando apenas
para aquele momento:
esquecidas no tempo.
Outros Outubros vieram.
Outros muitos virão.
Sinto tua falta, amiga,
como os velhos sentem
saudades da infância
(hoje eu sou um velho)
a estranha ânsia
de voltar a história.
A tua fé,
a tua força,
é o melhor que tens.
E esse teu coração lindo,
que não conheça a amargura.
Os teus sonhos,
os teus medos,
teus anseios,
não mais os conheço.
O que não esqueço
é que és um anjo
linda de uma maneira
que outros não podem ser.
De mim não quero que lembres
quase nada,
já sabes o que sou.
Se posso, se permites,
peço tão somente,
que na tua solidão,
me inclua em tuas preces.
Quando é um anjo que pede
o céu se compadece.
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